Apesar de tudo… ou talvez por isso mesmo, este é um tempo de celebração esperançosa.
Celebramos 20 anos do Instituto Paulo Freire de Portugal (IPFP), afirmando o nosso lugar como autores e autoras da nossa história. Celebramos o centenário de Paulo Freire, que nos instiga a denunciar para anunciar, assumindo esse nosso lugar no processo de humanização com as outras pessoas e mediatizados pelo mundo. Celebramos os 40 anos da Faculdade de Psicologia de Ciências da Educação da Universidade do Porto que, em alguma medida, corporiza no contexto académico, a afirmação da educação e cidadania, como direitos de todas e de todos; e cujo centro de investigação em educação colabora para a produção de conhecimento e a intervenção com as pessoas, (re)ações essas focadas na redução das desigualdades sociais e colaborando para uma vida mais humanamente humana.
Estamos perante uma situação-limite global que nos obriga a pensar e reforçar a nossa capacidade de ação, como força de resistência humana, um tempo em que emerge e se afirma um tema gerador geracional que nos põe definitivamente em causa, pondo em risco a nossa sobrevivência enquanto espécie. De acordo com a terceira lei de Newton, que pode ser descrita como princípio da ação e reação, a força diz respeito à interação física entre dois corpos distintos ou partes distintas de um corpo. Assim, se um dado corpo, exerce uma força sobre outro, o segundo vai exercer, em simultâneo, uma força de mesma magnitude sobre o primeiro. Se ambas as forças possuem a mesma direção, são, no entanto, exercidas em sentidos opostos. Extrapolando para uma aproximação às realidades sociais, como corpo em situação-limite de opressão, parece poder afirmar-se que estas são informadas por essa mesma dinâmica de ação reação, sendo que quanto maior a ação(agressão) maior terá que ser a reação que, provocando desequilíbrios e novos equilíbrios, obriga à construção de processos de resistência.
Como resistência, celebrar hoje o IPFP, Freire e a nossa faculdade corporiza, sinergicamente, celebrar todas as entidades e pessoas que se mobilizam em torno do pensamento-ação – praxis freiriana – como (pre)núncio de uma história outra possível. Representa também a possibilidade e o espaço para a criação de novos equilíbrios, com afirmação da co-laboração, da interdependência e da relação solidária, num enquadramento ético e estético de (re)humanização. CELEBREMOS!