Discutindo Autonomia Relativa com Professores

 

 

 

SINOPSE

 

A chamada “crise da educação” justifica que, em diferentes perspectivas, se multipliquem trabalhos que têm vindo a ser feitos sobre problemas que se enfrentam neste campo.

É que se vivem, actualmente, tempos perturbados que, assumindo formas mais ou menos violentas, se fazem sentir em muitos países e em diferentes zonas do globo. Esta crise, que tem significativos reflexos também na semi-periferia europeia como Portugal, tem curiosos efeitos nas relações que cada sociedade estabelece com a educação. Os processos educativos, denunciados pelos trabalhos desenvolvidos no quadro das Teorias da Reprodução, como tendo um funcionamento que se articula com a manutenção da sociedade estratificada são, neste contexto de crise social, objecto de uma outra crítica que, curiosamente, parece ir no sentido contrário. A escola é agora descrita, por alguns, como incapaz de produzir nos alunos as competências necessárias às exigências de um mercado de trabalho e do domínio da(s) tecnologia(s).

Constrangidas por processos económicos, políticos e culturais, de que não são geralmente conscientes, as escolas, frequentemente, declaram-se impotentes face aos inúmeros problemas que enfrentam, num contexto de difíceis condições de trabalho. Limitando a sua reflexão a casos pontuais, também frequentemente, admitem a possibilidade de os problemas que lhes surgem poderem ser resolvidos através de um voluntarismo cego.

E o que poderão, na verdade, fazer os professores e as instituições onde eles trabalham?

Apesar de se ter bem presente os constrangimentos macro – estruturais que condicionam o funcionamento das escolas, o que se pretende, neste trabalho, é compreender se, nas condições actuais, os professores estão conscientes da existência, na sua acção, de autonomia relativa e se, estando conscientes dela, estão interessados em a explorar. Esta tentativa de análise do usufruto de autonomia relativa faz-se, no presente texto, a partir de olhares dos diferentes actores sociais que se cruzam e interagem no quotidiano escolar.